Por que damos valor às vidas humanas? Por que achamos que o mundo deva ser justo? Por que devemos nos importar com a natureza? Quais as motivações das pessoas? E que nome dar a todas as coisas da vida que não entendemos, não sabemos descrever, mas com as quais temos de lidar o tempo todo?




Sobre a impossibilidade de se compreender a probabilidade de certos tipos de eventos:

por Leo

Qual a probabilidade de sair um 6 na próxima mega sena?
Qual a probabilidade de eu ser assaltado se eu sair hoje a noite?
Qual a probabilidade de um abutre sofrer combustão espontânea?
São dois tipos de perguntas bastante diferentes, a primeira tem uma resposta simples e calculável (ainda que o cálculo não seja tão simples quanto os modelos simplificados nos dizem), mas questiono qual o significado de se atribuir uma probabilidade à segunda(e 3a), e como se descobrir esse número.
Sabemos calcular probabilidades de fenômenos simples e aleatórios como sorteios ou comportamento de partículas microscópicas, mas o que dizer sobre fenômenos complexos? Uma pergunta bastante pertinente é se podemos dar algum sentido de aleatoriedade para que se justifique a probabilidade.
Mas afirmo que de fato se eu sair hoje a noite, e se eu tivesse a chance de fazer isso muitas e muitas vezes de modos diferentes, em algumas das vezes eu seria assaltado e em outras não. A aleatoriedade em questão é a minha escolha do caminho, e o cálculo poderia ser feito baseado nos eventos que ocorrerão nesse caminho, ou se forem eventos que podem ocorrer de mais de um modo (não-determinísticos) levaria se em conta suas probabilidades. De qualquer forma isso pressupõe um modelo realista do mundo, já determinado.
Agora, faria sentido falar da probabilidade de eu ser assaltado numa noite qualquer? Agora, falando de um teste possível, sei que saindo todas as noites, em algumas eu serei assaltado, em outras não. De modo que parece fazer algum sentido atribuir uma certa probabilidade de ser assaltado, ainda que ela seja variável com a noite (a previsão do tempo é de assaltos torrenciais). E de fato, posso correlacionar isso com índices economicos, indices de policiamento e eventos esportivos e provavelmente encontrarei alguma correlação entre estes e as ocorrências dos meus assaltos.
Mas ainda que estes me ajudem a estimar com boa precisão a minha taxa de assaltos, não passam de observações empíricas, sem um fundamento teórico. Como poderia então fundamentar a atribuição de probabilidade a um evento como esse?
Talvez eu devesse procurar por distribuições de probabilidade do meu próprio comportamento (ou do comportamento do sistema respiratório de um abutre) assumindo como este um evento aleatório, o que por si só já seria extremamente complexo (e talvez mesmo isso não faça sentido), e baseado nisso calcular então as distribuições de frequencia de bandidos, suas localizações e as chances de encontro... mas note que mesmo um modelo destes não é algo muito concreto e bem fundamentado, como posso falar de distribuições de probabilidades de bandidos? e por que é esse o tipo de variavel que eu deveria procurar? E note que não é por se tratar de uma pessoa o problema, não é uma questão de livre-arbítrio. O caso do urubu seria igualmente complicado, teria de fazer uma distribuição de probabilidade de localização dos urubus, suas alimentações, temperaturas corporais? Isso seria feito baseando-se na fisiologia do urubu? E na suas ocorrências atuais? E porque não nas passadas? E a distribuição geográfica futura, não conta?
De modo que digo que não há um sentido em falar de um modelo de probabilidades para esse tipo de eventos; não sei precisar a justificativa, talvez seja uma impossibilidade cognitiva por se tratarem de fenômenos muito complexos, talvez seja um problema de delimitação do sistema (definir melhor), talvez seja o problema de se falar da aleatoriedade dessas situações ou ainda talvez seja tudo isso apenas uma divagação com grandes erros conceituais. Mas por ora sou dessa opinião, de que por algum motivo não há como modelar tais situações num modo com sentido matemático. O que se pode fazer são simplesmente estimativas baseadas em correlações estatísticas entre eventos, o que é muito diferente. Muito embora falemos de probabilidades de quaisquer coisas intuitivamente, e se trata de algo bastante incorporado a nossa visão de mundo.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

parece aqueles negócios de revista, tipo aquelas cronicas que tem no final sabe???
Gostei muito do assunto e da maneira como escreveu.
Queria imprimir e levar na proxima tutoria, como se eu tivesse escrito... mas pode ficar sossegadao que o pouco orgulho que tenho é suficiente pra não me deixar fazer isso.

quarta-feira, abril 26, 2006 5:59:00 PM  
Blogger Leo disse...

Hihihi, sossegadão... sussa, não pega nada...

quarta-feira, abril 26, 2006 8:04:00 PM  

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