A quale
por Leo
Não escrevi isto pensando em colocar aqui, mas já que é um tema interessante, resolvi postar.
O mistério da consciência que fundamenta o problema ontológico mente-corpo é por que razão misteriosa nós somos cientes e sentientes de coisas aparentemente representadas em parte de nosso sistema nervoso. E ainda, por que nós não somos cientes de muitas outras coisas que ocorrem no nosso sistema nervoso ou organismo em geral. Além do fato de isso ocorrer, o que poderia determinar as qualidades destes estados mentais, uma vez que há vários estados diferentes?
Pra mostrar o como é surpreendente que algo assim ocorra, a única evidência que temos da sua ocorrência é que cada um de nós sente coisas; se não fosse por isso não poderíamos suspeitar de que existe algo como sentir algo. Na verdade cada um de nós sequer pode ter certeza de que as outras pessoas têm sensações, uma vez que só observamos seu comportamento. Dessa forma não sabemos que tipo de fenômeno físico é capaz de gerar estes estados mentais, não sabemos como o cérebro humano os gera, não sabemos quais as variáveis que determinam suas qualidades, não sabemos se outros sistemas físicos além do cérebro humano são capazes de gerá-los (sistemas nervosos de outros animais, ou quem sabe mesmo algum sistema nas plantas). O fato de se tratar de um fenômeno aparentemente completamente novo e diferente dos demais, afinal não conhecemos nenhum outro tipo de ser sentiente, é que abre espaço para teorias não completamente materialistas.
Enquanto não soubermos explicar este fenômeno não saberemos dizer o que são as sensações (o que é dor, o que é a cor vermelha, o que é raiva), se os animais e os outros seres humanos de fato sentem dor (ou apenas aparentam), ou mesmo se os fenômenos físicos que conhecemos são insuficientes para explicar a consciência (e estamos ignorando até hoje uma grande classe de fenômenos não-físicos ou não-materiais).
Uma suspeita especulativa pessoal sobre o assunto é que uma dica para sua resolução pode estar em saber por que razão nós sabemos que temos estes estados, isto é, além de sermos cientes de coisas, por que somos cientes que somos cientes de coisas.
O mistério da consciência que fundamenta o problema ontológico mente-corpo é por que razão misteriosa nós somos cientes e sentientes de coisas aparentemente representadas em parte de nosso sistema nervoso. E ainda, por que nós não somos cientes de muitas outras coisas que ocorrem no nosso sistema nervoso ou organismo em geral. Além do fato de isso ocorrer, o que poderia determinar as qualidades destes estados mentais, uma vez que há vários estados diferentes?
Pra mostrar o como é surpreendente que algo assim ocorra, a única evidência que temos da sua ocorrência é que cada um de nós sente coisas; se não fosse por isso não poderíamos suspeitar de que existe algo como sentir algo. Na verdade cada um de nós sequer pode ter certeza de que as outras pessoas têm sensações, uma vez que só observamos seu comportamento. Dessa forma não sabemos que tipo de fenômeno físico é capaz de gerar estes estados mentais, não sabemos como o cérebro humano os gera, não sabemos quais as variáveis que determinam suas qualidades, não sabemos se outros sistemas físicos além do cérebro humano são capazes de gerá-los (sistemas nervosos de outros animais, ou quem sabe mesmo algum sistema nas plantas). O fato de se tratar de um fenômeno aparentemente completamente novo e diferente dos demais, afinal não conhecemos nenhum outro tipo de ser sentiente, é que abre espaço para teorias não completamente materialistas.
Enquanto não soubermos explicar este fenômeno não saberemos dizer o que são as sensações (o que é dor, o que é a cor vermelha, o que é raiva), se os animais e os outros seres humanos de fato sentem dor (ou apenas aparentam), ou mesmo se os fenômenos físicos que conhecemos são insuficientes para explicar a consciência (e estamos ignorando até hoje uma grande classe de fenômenos não-físicos ou não-materiais).
Uma suspeita especulativa pessoal sobre o assunto é que uma dica para sua resolução pode estar em saber por que razão nós sabemos que temos estes estados, isto é, além de sermos cientes de coisas, por que somos cientes que somos cientes de coisas.
2 Comentários:
Existe a metáfora mente-software, corpo-hardware; se ela for de fato válida, seria em tese possível gerar softwares com sensações. Creio que neste esquema todos os sistemas físicos teriam algum tipo de consciência, porém a grande maioria seria extremamente simples e não teria meios de se manifestar.
Aparentemente nossas sensações representam a complexidade dos estímulos que as geram: nossa visão parece distinguir o que nossas retinas parecem ser capazes de distinguir. Assim, as sensações de um software poderiam ser exatamente "como é estar processando e representando as informações nas células de memória e no HD"... ou talvez o computador não tenha sensações significativas devido ao modo altamente modularizado como realiza as computações.
Talvez o cortex cerebral seja "o local" das sensações porque é nele em que as informações estão mais plenamente integradas. Embora acho eu que falte um papel para a atenção neste esquema...
De qualquer maneira, se esta teoria estiver certa, ainda resta o interessante trabalho de descobrir qual a lei que relaciona sensações como "a cor azul" com sistemas físicos "densidade x de sinais eletrofisiológicos". O que por si só é muito bizarro. E não faço idéia do tipo de linguagem em que essa lei poderia ser escrita.
Mas ainda resta o problema de porque se teria ciência das próprias sensações.
Realmente, o problema é esse mesmo. Concordo, a consciência provavelmente tem potencial de ocorrer em todos os lugares, em todo o cérebro, mas como precisa de uma grande complexidade de interpretações para formar seu conteúdo, só se dá da maneira como a percebemos nas partes do cérebro que têm essa complexidade, nas outras a consciência seria como um rádio ligado mas sem sinal, ou só ruído.
Sua idéia de pensar por que somos cientes de estarmos conscientes é boa. A informação de estarmos conscientes é puramente material, isto é, mecânica ou física dentro das leis que conhecemos, informacional, pois o pensamento de termos consciência e a causa desse pensamento o são. Se há algo além do físico para a consciência, uma qualidade a mais, esse algo a mais aparentemente não poderia ter sua existência descoberta pelo cérebro, por nós.
Poderíamos supor que o nosso funcionamento é todo decorrente do estado físico, inclusive nossa afirmação de sermos conscientes sendo uma questão informacional do cérebro físico, não necessariamente verdadeira, e poderia haver ainda uma qualidade a mais, verdadeira porém isolada e não-perceptível, que seria a consciência real - poderia ser uma panprotoconsciência, propriedade geral espalhada pelo mundo inteiro (digo "proto" pois em sua forma inativa não é propriamente consciência, antes um potencial de consciência). No entanto em termos comportamentais não parece haver diferença entre essa qualidade existir ou não.
A possibilidade de solipsismo é sempre real. Só se pode ter certeza de sua própria consciência qualitativa, e o mundo poderia perfeitamente ser uma simulação de computador, já que só temos acesso à realidade pelos nossos sentidos, e esses sentidos poderiam ser teoricamente manipulados e substituídos. No entanto aí entram os mesmos motivos pelos quais se duvidaria da existência de um deus: qual seria o motivo ou utilidade de tal simulação de realidade grotesca, e por que seria tão imperfeita e vazia de sentido aparente? Na falta de uma resposta, talvez seja mais prudente acreditar que, assim como deus não existe, uma tal simulação de realidade sem sentido também não existe (apesar de que eu preferiria a idéia de solipsismo ao multipsismo assustador que seria um mundo real).
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