Um Problema sobre Eugenia
por Leo
Apesar de todo a repulsa gerada por essa palavra, a eugenia, não na forma de extermínio generalizado de um genótipo (genocídio), mas na forma da seleção natural dos mais adaptados ocorre na natureza e na sociedade desde sempre.
Além disso está incorporada na vida social, afinal discriminamos o tempo todo aqueles que tem melhores características físicas e intelectuais, os mais saudáveis e bonitos, caracteres que costumam ter uma fundamentação biológica nos genes dos indivíduos, para não falar da relevância destes no sucesso sexual. E essa discriminação é natural e importante no funcionamento da sociedade, os indivíduos simplesmente são diferentes. (não quero entrar na questão de quando é que discriminações são injustas)
No entanto, com o avanço médico e biotecnológico, a cada dia que passa temos mais plasticidade sobre nossos corpos e capacidades, podemos remodelar nossa aparência, utilizar acessórios que compensem incapacidades sensoriais ou motoras, suprir deficiências fisiológicas, e provavelmente em breve também neurológicas. Ao que tudo indica, é só questão de tempo (talvez bastante) para que possamos encontrar meios de corrigir ou mesmo superar nossas limitações naturais.
Isto é algo novo, no passado pessoas deficientes simplesmente não tinham oportunidade de vida, como ocorre na natureza, e acabavam morrendo cedo ou marginalizadas da sociedade, às vezes simplesmente por ter uma pequena deficiência fisiológica.
Assim sendo, cada vez mais temos condições tecnológicas de garantir bem-estar e longevidade às pessoas, com um impacto cada vez menor de nossos caracteres hereditários inadequados ou inconvenientes. Infelizmente não temos condições sociais para que todos tenham acesso a estes recursos, que são ainda muito caros, possivelmente em parte motivados por razões econômicas.
Creio que isso possa gerar um problema social no futuro. Todos nós que vivemos queremos o direito, se não temos o desejo, de nos proliferarmos, de nos reproduzirmos. E não gostamos que se intervenha neste direito, como também temos ódio de sermos discriminados negativamente por aquilo que consideramos ser nossos defeitos. Cada um de nós luta contra o mundo para viver uma vida boa, apesar de todas as dificuldades, e muitos de nós desejam ter a oportunidade de perpetuar este processo, que é inerente da vida. Com a exceção talvez dos que a vivam tão sofridamente que não desejem isto para ninguém. O problema é que, a sobrevida e proliferação dos indivíduos geneticamente desadaptados, em oposição à dura seleção da natureza, os torna cada vez mais presentes na população, isto é, a conseqüência da oportunidade dos desfavorecidos aumenta o número deles, agravando o problema.
É claro que deficiência depende de um critério, mas não se pode negar que vivemos num mundo onde uma vida de oportunidades é negada aos menos aptos. A vida de uma pessoa deficiente é mais difícil, e é essa a própria noção de deficiência, uma característica desfavorável, patológica, limitadora da capacidade e autonomia do indivíduo (comparada a dos outros). Pessoas com deficiências cada vez mais levam vidas quase normais, mas sofrem desvantagens competitivas e passam isso a sua prole. Estamos aumentando nossa diversidade genética tentando reduzir a pressão seletiva sobre os indivíduos, e isso gera uma população mais heterogênea em aptidão adaptativa, sem que a sociedade esteja receptiva a isso.
É uma questão ética bastante complicada, pois trata de se provocar um possível mal (desvantagem) aos descendentes, mas se por outro lado se proíbe, está se proibindo o caráter mais natural da vida, o de se reproduzir. Além de ser um problema social, pois estas pessoas sofreriam discriminação e provavelmente teriam menos chances, se acumulando nas classes de menor sucesso financeiro, cultural, etc. o que agravaria a situação, por terem então menos acesso à assistência específica que necessitam.
Como disse, a sociedade naturalmente discrimina e seleciona pessoas e seus genes, e às vezes intervém também na sua autonomia reprodutiva, veja o caso de pessoas de proximidade familiar que não podem se casar. A intervenção compulsória poderia atenuar o problema e até controlá-lo, mas com grande oposição e polêmica, talvez gerando uma crise social.
O aconselhamento genético seria uma solução interessante, mas no momento totalmente impraticável, exigiria uma reforma cultural e de infra-estrutura, para que as pessoas tivessem acesso fácil, de fato o fizessem, e tomassem as decisões adequadas. É possível também, que num futuro não tão distante nós sejamos capazes de manipular diretamente os genes de embriões e/ou diagnosticar facilmente anomalias genéticas. Isto seria uma tecnologia de grande utilidade, embora sua utilização geraria polêmicas semelhantes às atuais sobre o uso de células tronco.
Talvez o que eu esteja descrevendo seja um problema fictício que nunca venha a ocorrer, talvez já esteja ocorrendo, talvez ele se resolva naturalmente, mas creio que não.
Além disso está incorporada na vida social, afinal discriminamos o tempo todo aqueles que tem melhores características físicas e intelectuais, os mais saudáveis e bonitos, caracteres que costumam ter uma fundamentação biológica nos genes dos indivíduos, para não falar da relevância destes no sucesso sexual. E essa discriminação é natural e importante no funcionamento da sociedade, os indivíduos simplesmente são diferentes. (não quero entrar na questão de quando é que discriminações são injustas)
No entanto, com o avanço médico e biotecnológico, a cada dia que passa temos mais plasticidade sobre nossos corpos e capacidades, podemos remodelar nossa aparência, utilizar acessórios que compensem incapacidades sensoriais ou motoras, suprir deficiências fisiológicas, e provavelmente em breve também neurológicas. Ao que tudo indica, é só questão de tempo (talvez bastante) para que possamos encontrar meios de corrigir ou mesmo superar nossas limitações naturais.
Isto é algo novo, no passado pessoas deficientes simplesmente não tinham oportunidade de vida, como ocorre na natureza, e acabavam morrendo cedo ou marginalizadas da sociedade, às vezes simplesmente por ter uma pequena deficiência fisiológica.
Assim sendo, cada vez mais temos condições tecnológicas de garantir bem-estar e longevidade às pessoas, com um impacto cada vez menor de nossos caracteres hereditários inadequados ou inconvenientes. Infelizmente não temos condições sociais para que todos tenham acesso a estes recursos, que são ainda muito caros, possivelmente em parte motivados por razões econômicas.
Creio que isso possa gerar um problema social no futuro. Todos nós que vivemos queremos o direito, se não temos o desejo, de nos proliferarmos, de nos reproduzirmos. E não gostamos que se intervenha neste direito, como também temos ódio de sermos discriminados negativamente por aquilo que consideramos ser nossos defeitos. Cada um de nós luta contra o mundo para viver uma vida boa, apesar de todas as dificuldades, e muitos de nós desejam ter a oportunidade de perpetuar este processo, que é inerente da vida. Com a exceção talvez dos que a vivam tão sofridamente que não desejem isto para ninguém. O problema é que, a sobrevida e proliferação dos indivíduos geneticamente desadaptados, em oposição à dura seleção da natureza, os torna cada vez mais presentes na população, isto é, a conseqüência da oportunidade dos desfavorecidos aumenta o número deles, agravando o problema.
É claro que deficiência depende de um critério, mas não se pode negar que vivemos num mundo onde uma vida de oportunidades é negada aos menos aptos. A vida de uma pessoa deficiente é mais difícil, e é essa a própria noção de deficiência, uma característica desfavorável, patológica, limitadora da capacidade e autonomia do indivíduo (comparada a dos outros). Pessoas com deficiências cada vez mais levam vidas quase normais, mas sofrem desvantagens competitivas e passam isso a sua prole. Estamos aumentando nossa diversidade genética tentando reduzir a pressão seletiva sobre os indivíduos, e isso gera uma população mais heterogênea em aptidão adaptativa, sem que a sociedade esteja receptiva a isso.
É uma questão ética bastante complicada, pois trata de se provocar um possível mal (desvantagem) aos descendentes, mas se por outro lado se proíbe, está se proibindo o caráter mais natural da vida, o de se reproduzir. Além de ser um problema social, pois estas pessoas sofreriam discriminação e provavelmente teriam menos chances, se acumulando nas classes de menor sucesso financeiro, cultural, etc. o que agravaria a situação, por terem então menos acesso à assistência específica que necessitam.
Como disse, a sociedade naturalmente discrimina e seleciona pessoas e seus genes, e às vezes intervém também na sua autonomia reprodutiva, veja o caso de pessoas de proximidade familiar que não podem se casar. A intervenção compulsória poderia atenuar o problema e até controlá-lo, mas com grande oposição e polêmica, talvez gerando uma crise social.
O aconselhamento genético seria uma solução interessante, mas no momento totalmente impraticável, exigiria uma reforma cultural e de infra-estrutura, para que as pessoas tivessem acesso fácil, de fato o fizessem, e tomassem as decisões adequadas. É possível também, que num futuro não tão distante nós sejamos capazes de manipular diretamente os genes de embriões e/ou diagnosticar facilmente anomalias genéticas. Isto seria uma tecnologia de grande utilidade, embora sua utilização geraria polêmicas semelhantes às atuais sobre o uso de células tronco.
Talvez o que eu esteja descrevendo seja um problema fictício que nunca venha a ocorrer, talvez já esteja ocorrendo, talvez ele se resolva naturalmente, mas creio que não.
2 Comentários:
O que vejo aí é uma abordagem de questões psicossociológicas atacadas por conceitos de uma ciência que busca fundir todo o conhecimento em um único lampejo de consciência - a gestalt das gestalts.
Sugestão de pesquisa e aplicação:
O que é AWARENESS em psicologia.
Suponho que esteja falando da biologia, mas não acho que ela esteja buscando isto que disse.
Postar um comentário
<< Home