Por que damos valor às vidas humanas? Por que achamos que o mundo deva ser justo? Por que devemos nos importar com a natureza? Quais as motivações das pessoas? E que nome dar a todas as coisas da vida que não entendemos, não sabemos descrever, mas com as quais temos de lidar o tempo todo?




Assepsia do pensamento

por Outro corpo em movimento

Pensar me parece algo muito complexo, que envolve uma série de fatores. Fatores que se misturam, se confundem e se escondem por baixo de outros fatores. Não conseguimos distinguí-los claramente.
Quando escrevi sobre o "triste ato de pensar" percebi que meu pensamento é construido por muitos e diversos e elementos diferentes, contraditórios e indecifráveis.
Não sei ao certo o que eu penso e nem como, mas acho que os sentimentos participam intensamente desse processo. No meu caso, percebi que o que eu sinto é quase oposto ao que eu penso de fato. E, na verdade, acho que eu penso que Y, justamente porque eu sinto X. Vou tentar não ser confusa, mas acho que será difícil. Eu notei que os meus sentimenos de ordem X não são bons pra mim, são anti-naturais, dolorosos, patogênicos... isso me fez pensar que X não é algo bom pra se pensar, então, é bom pensar que Y. Mas eu nunca fiz essa associação conscientemente, quando eu vi já estava pensando Y. Y é mais provável, mais aceitável, mais confortável, mais lógico (não sei se é porque é o contrário de X ou se é tudo isso por si mesmo).
Conheço pessoas que pensam coisas do tipo X e do tipo Y. A maioria delas não mistura as duas coisas, pensa X e age de forma X ou pensam Y e agem de forma Y. Eu penso Y e ajo X.
Y é razão.
X é sentimento.
Mas eu me pergunto se razão e sentimento são mesmo diferentes ou se isso é um rótulo antigo com o qual estamos habituados.
De qualquer forma não existem pessoas que só possuem razão ou só sentimentos, isto seria disforme. Os robôs são só razão, aliás, acho que o que entendo por razão é exatamente isso, o que os robôs são capazes de possuir, e que nós possuímos.
Eu não sei exatamente o que estou tentando dizer.
O que eu acho mais complicado de tudo isso é que, por mais que eu perceba Y, que eu conclua de forma Y, que eu veja muito sentido em Y, eu não consigo deixar de agir conforme X. Por que? No meu caso, Y está relacionado com conceitos e X com ações? Será que Y influencia X? Será que só consigo chegar a Y como um anti X?
Quando estou sentindo algo, há algum tipo de razão? Por exemplo: estou sentindo tristeza porque aconteceu um evento que me entristeceu- isso é razão ou é apenas causalidade?
Causalidade é algum tipo de inteligência?
Eu gostaria de direcionar minhas emoções, de podar as que me causam mal, nutrir as boas... fazer isso seria usar a razão, porque é através dela que concluimos o que é bom ou ruim (ou não?). Mas creio que eu não consiga. Se bem que eu conseguiria se isso fosse treinável. Será que é?
Nesse momento estou vendo as minhas emoções como miasmas que me atrapalham a pensar coisas que facilitariam a minha vida. Estou entendendo que as minhas emoções precisam ser muito bem domadas pra atuarem apenas quando solicitadas. Impossível né? O que são os sentimentos? Qual sua relação com o pensamento? E se certos sentimentos que me fazem pensar determinadas coisas forem capazes de me enlouquecer? Eu sinto que se eu permitir posso chegar num estado de perturbação incompatível com a vida social, então preciso ficar forçando, insistindo, treinando arduamente pra que meu Y consiga desviar a rota pela qual meu X sempre tenta seguir.

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Esse post parece uma continuação do anterior sobre a tristeza do pensamento... eu também tenho pensar Y e sentir X (razão Y e sentimento X), os dois incompatíveis exceto por alguma lógica improvável, à qual insisto em me deixar levar.

Acho que controlar as emoções pode ser treinável... de alguma forma, controlando os seus pensamentos... pensamentos geram sentimentos e comportamentos, e o modo de agir em uma situação consolida o hábito.

Somos seres estranhos, achamos que temos controle sobre nós mesmos mas funcionamos por emoções, sentimentos e motivações "pré-programados", um tanto irracionais e fora do nosso alcance. Afinal, somos essas próprias coisas, a razão e o instinto, o nosso cérebro, isso é o que constitui nossa personalidade individual e pessoal, por trás da qual está o nosso eu verdadeiro e vazio de conteúdo, a consciência indistinta.

hahahaha

quinta-feira, agosto 07, 2008 10:26:00 PM  
Blogger Leo disse...

Deve-se tomar um certo cuidado em tentar controlar as emoções, já tive sérios problemas por tentar suprimi-las.

Não sei qual é a melhor maneira de controlá-las, mas acho que a maneira mais eficaz e natural é mesmo pelo esclarecimento e incorporação gradual de hábitos mentais; à medida que mudamos nosso pensamento vamos aos poucos mudando nossas reações e hábitos e por fim nossos condicionamentos emocionais.
É um processo lento e custoso no entanto.

sexta-feira, agosto 08, 2008 3:32:00 PM  

Postar um comentário

<< Home