Sobre simbolismo
por Leo
Acredito que este tema já tenha estado mais na moda do que atualmente, talvez devido a alguma influência da decadência da psicanálise... Mas se comenta frequentemente sobre o simbolismo de filmes e histórias, suas conotações morais, políticas, ideológicas, psicanalíticas, etc...
Alguns filmes são propositalmente simbólicos, como A Cidade dos Sonhos, ou A Viagem de Chihiro, e deixam claro que estão tratando de sonhos, delírios ou alegorias, enquanto outros são apenas presumidamente simbólicos, como Matrix e O Senhor dos Anéis (apesar da alegação do autor), onde as pessoas lançam suas interpretações sobre uma narração com sentido feita de acontecimentos claros e verossímeis. De qualquer maneira, mesmo que a intenção de simbolismo seja dada, a interpretação pretendida normalmente não é, deixando a questão em aberto. É um problema interessante de análise, crítica e teorização, onde creio eu, assim como na ciência, devam valer mais as interpretações que consigam explicar mais coisas postulando menos. Mas embora acredite que há interpretações melhores que outras, acho que a melhor visão sobre o simbolismo é a de que ele é plural, as coisas podem se interpretadas sob muitos aspectos diferentes, muitos esquemas diferentes, e o que vale é ver quais deles são mais apropriados e relevantes e o quão rica e interessante a história e a sua experiência dela se torna com essas adições.
As histórias (e objetos, acontecimentos, atitudes, pessoas, etc) podem ser analisadas por muitos aspectos diferentes, podemos ter uma abordagem mais filosófica e procurar que idéias e questões estão sendo manifestadas ou insinuadas, podemos ver moralmente quais os valores em evidência, qual a ideologia pregada, as relações políticas envolvidas, os sentimentos e características psicológicas das personagens e como isso influi nas suas crenças, motivações, intenções e reações, podemos analisar a estrutura da história e compará-la a outras, podemos observar o filme concretamente sobre seus aspectos técnicos, a atuação, fotografia, música, etc... enfim, há muitas coisas possíveis de se observar e que tornam a experiência toda mais completa.
Para finalizar, vou descrever aqui uma interpretação especulativa sobre o filme do homem-aranha, baseada principalemente neste último terceiro filme. Devo mencionar que é uma interpretação pouco rigorosa e baseada exclusivamente nos filmes, sem qualquer conhecimento sobre a trama dos quadrinhos originais.
Peter Parker é um jovem adulto com muita imaginação e com um grande potencial, porém inexplorados por sua vida pacata, frustrante e relativamente pobre em experiências e emoções. Vive sozinho num apartamento alugado em Nova York, é um nerd no seu curso universitário, tem um emprego ruim como fotógrafo no jornal Daily Bugle no qual ganha pouco, e ocasionalmente passa tempo com os avós, que são seus tutores morais e o orientam nas horas de dúvidas sobre a vida. É apaixonado pela vizinha dos avós, Mary Jane e tem um melhor amigo rico Harry Osborn. Por alguma razão algum evento com uma aranha, talvez uma picada, o leva a começar a imaginar uma vida transformada: de repente ganha a capacidade e o poder de explorar todo seu potencial, fica forte e saudável, vira o homem-aranha, voando pela cidade com suas teias, salvando as pessoas, praticando o bem, sendo admirado e fazendo aquilo que ninguém mais é capaz de fazer. A transformação não se limita a sua própria imagem, mas também a das pessoas a sua volta. Sua vizinha se torna uma estrela, com sua face impressa em cartazes por toda a cidade, o pai de seu melhor amigo enloquece e se torna um super-inimigo destruindo a cidade. Embora continue vivendo sua vida ordinária como Peter Parker, mantém essa paralela identidade secreta (ou imaginária?) na qual é o homem-aranha combatendo vilões e salvando pessoas. Em geral seus inimigos são pessoas relacionadas e ele com os quais tem problemas emocionais; estes têm sua imagem transformada por meio de superpoderes característicos, e param de atormentar quando os conflitos emocionais se resolvem. Por sua vez estes conflitos o fazem amadurecer, em termos morais e emocionais, tomando decisões e descobrindo sobre si mesmo, ainda que numa realidade imaginária.
Alguns filmes são propositalmente simbólicos, como A Cidade dos Sonhos, ou A Viagem de Chihiro, e deixam claro que estão tratando de sonhos, delírios ou alegorias, enquanto outros são apenas presumidamente simbólicos, como Matrix e O Senhor dos Anéis (apesar da alegação do autor), onde as pessoas lançam suas interpretações sobre uma narração com sentido feita de acontecimentos claros e verossímeis. De qualquer maneira, mesmo que a intenção de simbolismo seja dada, a interpretação pretendida normalmente não é, deixando a questão em aberto. É um problema interessante de análise, crítica e teorização, onde creio eu, assim como na ciência, devam valer mais as interpretações que consigam explicar mais coisas postulando menos. Mas embora acredite que há interpretações melhores que outras, acho que a melhor visão sobre o simbolismo é a de que ele é plural, as coisas podem se interpretadas sob muitos aspectos diferentes, muitos esquemas diferentes, e o que vale é ver quais deles são mais apropriados e relevantes e o quão rica e interessante a história e a sua experiência dela se torna com essas adições.
As histórias (e objetos, acontecimentos, atitudes, pessoas, etc) podem ser analisadas por muitos aspectos diferentes, podemos ter uma abordagem mais filosófica e procurar que idéias e questões estão sendo manifestadas ou insinuadas, podemos ver moralmente quais os valores em evidência, qual a ideologia pregada, as relações políticas envolvidas, os sentimentos e características psicológicas das personagens e como isso influi nas suas crenças, motivações, intenções e reações, podemos analisar a estrutura da história e compará-la a outras, podemos observar o filme concretamente sobre seus aspectos técnicos, a atuação, fotografia, música, etc... enfim, há muitas coisas possíveis de se observar e que tornam a experiência toda mais completa.
Para finalizar, vou descrever aqui uma interpretação especulativa sobre o filme do homem-aranha, baseada principalemente neste último terceiro filme. Devo mencionar que é uma interpretação pouco rigorosa e baseada exclusivamente nos filmes, sem qualquer conhecimento sobre a trama dos quadrinhos originais.
Peter Parker é um jovem adulto com muita imaginação e com um grande potencial, porém inexplorados por sua vida pacata, frustrante e relativamente pobre em experiências e emoções. Vive sozinho num apartamento alugado em Nova York, é um nerd no seu curso universitário, tem um emprego ruim como fotógrafo no jornal Daily Bugle no qual ganha pouco, e ocasionalmente passa tempo com os avós, que são seus tutores morais e o orientam nas horas de dúvidas sobre a vida. É apaixonado pela vizinha dos avós, Mary Jane e tem um melhor amigo rico Harry Osborn. Por alguma razão algum evento com uma aranha, talvez uma picada, o leva a começar a imaginar uma vida transformada: de repente ganha a capacidade e o poder de explorar todo seu potencial, fica forte e saudável, vira o homem-aranha, voando pela cidade com suas teias, salvando as pessoas, praticando o bem, sendo admirado e fazendo aquilo que ninguém mais é capaz de fazer. A transformação não se limita a sua própria imagem, mas também a das pessoas a sua volta. Sua vizinha se torna uma estrela, com sua face impressa em cartazes por toda a cidade, o pai de seu melhor amigo enloquece e se torna um super-inimigo destruindo a cidade. Embora continue vivendo sua vida ordinária como Peter Parker, mantém essa paralela identidade secreta (ou imaginária?) na qual é o homem-aranha combatendo vilões e salvando pessoas. Em geral seus inimigos são pessoas relacionadas e ele com os quais tem problemas emocionais; estes têm sua imagem transformada por meio de superpoderes característicos, e param de atormentar quando os conflitos emocionais se resolvem. Por sua vez estes conflitos o fazem amadurecer, em termos morais e emocionais, tomando decisões e descobrindo sobre si mesmo, ainda que numa realidade imaginária.