Por que damos valor às vidas humanas? Por que achamos que o mundo deva ser justo? Por que devemos nos importar com a natureza? Quais as motivações das pessoas? E que nome dar a todas as coisas da vida que não entendemos, não sabemos descrever, mas com as quais temos de lidar o tempo todo?




Por que as pessoas inteligentes não dominaram o mundo?

por Leo

(também publicado em inglês no blog Brainstormers)

Vamos supor algumas hipóteses:
1) Existem pessoas muito, mas muito, MUITO inteligentes no mundo.

2) A civilização humana não parece assim, digamos... muito bem organizada; parece que seres humanos importantes vivem fazendo besteiras por aí.

3) Uma fração das pessoas muito inteligentes é também ambiciosa E tem opiniões firmes a respeito de como o mundo deve ser E se importa o suficiente para fazer algo a respeito.

Daí minha pergunta é: Por que o mundo não é regularmente dominado por pessoas muito inteligentes???

Ok, admito que é uma pergunta um tanto esdrúxula, mas estou falando sério, e vou tentar justificar-me.

Primeiramente, o que eu quero dizer com dominar o mundo?
Dominar significa que você é capaz de fazer valer a sua vontade sobre as demais. Não precisa ser pela força, longe disso, basta que se tenha habilidade para se manejar a situação a seu favor. Dominar o mundo pressupõe que alguém (ou algum grupo) possa atingir tal grau de superioridade de poder que seja capaz de subverter toda a hierarquia política estabelecida. Isto parece ser MUITO difícil, pois imagino que quanto mais você se aproxima de dominar o mundo, mais competentes devem ser seus concorrentes interessados no mesmo objetivo. Ou seja, para dominar e manter o poder você tem que dar um jeito de vencer, eliminar, dominar ou evitar a elite da competência política no mundo.

Por que alguém iria querer dominar o mundo?
Para impor sua vontade. E por que alguém iria querer isto? Bom, esta é uma questão psicológica. Eu presumo que para satisfazer um ego insaciável, uma enorme vontade de poder, de engrandecer a própria imagem ou ainda, por um fortíssimo sentimento de vingança, que não deixa de ser também uma imposição do ego sobre os demais. Estas seriam motivações psicopáticas. Uma motivação mais racional poderia ser por um dever ético, bom, é verdade que a noção de dever não é racional, mas quero dizer que seria uma forma mais objetiva, dominar a fim de concretizar o bem (o que quer que se entenda por bem...).






Por que alguém precisaria dominar o mundo?
Porque as vias sociais tradicionais podem não ser suficientes para o que se deseja; segundo as organizações políticas mais comuns, para alguém ganhar poder a pessoa deve ir angariando admiradores e confiança dos que instituem seu cargo (seja a população, seja a aristocracia política). Esta via tem muitas desvantagens, ela compromete o pretendente aos interesses dos seus apoiadores políticos (efetivamente dividindo seu poder com eles), requer que ele mantenha uma persona (imagem social) demagógica que de alguma forma motive ou justifique sua colocação, e o expõe escancaradamente a todos os que ambicionem sua posição ou se oponham às suas políticas, para que atentem contra ele, o deponham ou matem. É por isto que alguém poderia querer dominar o mundo por vias alternativas - que não precisa ser necessariamente pela força (violência), creio que existam outras maneiras.

Por que alguém teria de ser inteligente para dominar o mundo?
Bom, é importante ressaltar que não estou falando de uma inteligência meramente acadêmica, estou falando de uma pessoa com uma alta capacidade cognitiva em diversas áreas, alguém que seja capaz de enfrentar problemas difíceis da natureza que forem, de questões metafísicas a manipulação social a malabarismo de gelatina. Assim sendo, acho que esta seria a capacidade mais importante ao tentar dominar o mundo, pois alguém nesta condição poderia entender e tentar solucionar qualquer problema que aparecesse, por mais que não se fosse especialmente bom naquilo.

Como seria se pessoas inteligentes dominassem o mundo?
Difícil responder, mas viveríamos numa noocracia, um governo de sábios, ou inicialmente uma geniocracia, uma vez que estou considerando a hipótese de um ou alguns gênios tomarem o poder. Eu suponho que pessoas inteligentes seriam mais aptas a resolver os grandes problemas da sociedade, criar políticas eficientes, teriam um entendimento mais realista, completo e profundo do funcionamento social, teriam preocupações éticas e um sistema ético bem elaborado, e seriam capazes de separar seus interesses pessoais dos interesses da humanidade. Infelizmente provavelmente algumas destas suposições não se concretizaria.
Haveria ainda uma questão complicada de como representar os valores éticos e políticos da população, que é um dos maiores valores da democracia. Este seria um problema adicional para ser resolvido.


Querer dominar o mundo não parece uma atitude meio infantil, narcisística e megalomaníaca baseada numa concepção simplista da sociedade?
Hummm... talvez. Mas isto realmente impediria que alguém dominasse o mundo?



Supondo então que as principais dúvidas tenham sido esclarecidas:
Por que será que o mundo não é regularmente dominado por pessoas muito inteligentes???

A resposta não me parece óbvia. Vou considerar diversas possibilidades:


1) O mundo já foi dominado por pessoas inteligentes e só eu não percebi.
Bom, esta resposta é ou uma negação do meu segundo postulado (o de que o mundo não funciona muito bem), ou a defesa de que mesmo tendo dominado o mundo, estes seres inteligentes não são capazes de fazê-lo funcionar de maneira que me pareça adequada ou pior, não estão interessados nisso. Este argumento é bastante semelhante ao argumento epicurista contra a existência de Deus: se Deus quer ser bom e não pode é impotente, se pode e não quer é malevolente, se não pode e não quer não deveria ser chamado de Deus. Vou dividir esta possibilidade em duas:


1.1) O mundo foi dominado por pessoas inteligentes, mas elas não conseguem dar conta do recado.
Isto é possível, mas pouco provável. Entretanto dada a minha desinformação a respeito da ocorrência de inteligências excepcionais assumindo cargos de alto poder, vou supor que estejam em posições de menor exposição pública ("illuminati"? Ô_Ô). Caso seja assim, por que será que não conseguem dar conta? Será a dinâmica da sociedade, da política e da economia assim tão incontroláveis? Afinal, lembre-se que estamos falando de pessoas que foram capazes de dominar o mundo! Por que será que não conseguiriam administrá-lo eficientemente? Faltaria massa crítica? Haveria muita discordância entre eles???
Me parece mais provável simplesmente reduzir esta posição a uma visão mais comum de que quem quer que sejam os poderosos controlando a sociedade não são tão inteligentes ou competentes assim. Ou seja, esta posição nega o primeiro postulado.


1.2) O mundo foi dominado por pessoas inteligentes, mas elas não estão preocupadas em organizá-lo, estão preocupadas com outras coisas.
Isto é um tanto mais provável. Mas por quê? Na minha perspectiva, uma pessoa muito inteligente, que tenha chegado a dominar o mundo deve ter sérias preocupações a respeito de qual a direção tomar. Afinal, dominar para o quê? Será que a ética realmente não aponta necessariamente para uma administração social diferente da que vemos hoje? Será que a inteligência não leva necessariamente a preocupações éticas? Qual seriam as motivações dessas pessoas então? Será que de fato o poder corrompe as pessoas e tão logo alguém se encontre numa alta posição, esta pessoa será dominada por seus desejos mais instintivos e egoístas?


Certamente, na história da humanidade grandes líderes muito inteligentes já assumiram o poder, podemos analisar a diversidade de suas condutas a fim de ver o perfil destes, suas motivações e qual foi seu destino, ie, porque não conseguiram manter o poder sob os mesmos interesses. Esta pergunta fica em aberto: Quais foram as motivações dos grandes homens poderosos inteligentes do passado?


Talvez as trajetórias que conduzem alguém ao poder não costumem levar as pessoas a preocupações éticas mais profundas. Talvez estes homens tenham se ocupado primariamente com preocupações mais imediatas, como suas próximas conquistas e a própria manutenção do seu poder, sem pensar tanto numa escala maior. Afinal, dominar deve dar bastante trabalho.


2) O mundo não foi dominado por pessoas inteligentes.
Bom, esta é minha proposta principal. E por que será que o mundo não foi dominado?

2.1) As pessoas inteligentes não conseguem dominar o mundo.
Acho que esta é a melhor resposta. E a principal evidência dela é a incompetência dos movimentos de resistência no mundo inteiro, mesmo nas condições ideologicamente mais hostis e absurdas. Ver o caso da União Soviética sob Stálin, ou da Alemanha nazista. O número de tentativas de atentados, movimentos de resistência organizados e contrarevoluções na história parece ser modestamente pequeno além de terem sido pouco eficazes. Levando em conta que uma revolução é uma ótima oportunidade para mudar a ordem das coisas, para que um grupo assuma o poder e institua seus ideais políticos, parece que de fato, o que falta é a competência (a hipótese 1 deve ser falsa neste sentido).

E por que falta competência?
Creio que seja porque pessoas as inteligentes costumem ter algumas características que as impedem de ser politicamente eficazes: são inseguras, ou indisciplinadas, ou pouco práticas, ou irrealistas, ou politicamente inabilidosas, ou intransigentes, ou competitivas, ou desorganizadas demais. Basta ver a maior parte dos grupos intelectuais e movimentos estudantis. Isto vai um pouco na linha de uma frase do Russell:

"The fundamental cause of the trouble is that in the modern world the stupid are cocksure while the intelligent are full of doubt."
Bertrand Russell, Education and the Social Order (1932)

Possivelmente a trajetória de criação e personalidade de pessoas inteligentes não favorece que desenvolvam tantas habilidades e motivações intelectuais e políticas ao mesmo tempo.

Por outro lado, eventualmente na história da humanidade, ocorreram situações em que uma ou mais pessoas muito inteligentes assumiram o poder. Por que elas não mantiveram o poder nas mãos de outras pessoas inteligentes? Por que o poder de pessoas inteligentes não é estável? Será que elas também não tiveram esta preocupação? Será que suas motivações não favoreciam que passassem o poder para outras pessoas inteligentes? Será que simplesmente não conseguiram sucessores a sua altura? Afinal, conseguir sucessores não é um problema fácil.

Talvez o problema seja difícil demais para um ou mesmo alguns poucos seres humanos, dominar o mundo e ainda administrar a humanidade é um trabalho grande demais.
Isto parece bem razoável. Não deve ser um trabalho fácil. Afinal, para este fim a humanidade se divide em centenas de governos com milhares de cargos. É claro que não esperaria que eles controlassem tudo, apenas que dessem as diretrizes principais. Mas de qualquer maneira é uma possibilidade razoável. Talvez seja uma mistura de falta de inteligência, número de pessoas e organização. Curiosamente isto parece ser factível. Hum....


E há ainda a possibilidade de nossa sociedade ser de alguma forma protegida contra dominação de inteligentes. Como se a nossa sociedade fosse constituída de tal forma que sempre que alguém muito inteligente tem esta idéia e resolve fazer algo a respeito, ele é rapidamente detectado e eliminado (ou talvez distraído com um problema intelectual que ocupará sua toda sua vida produtiva e não acarretará em nada de útil). Isto me soa conspiratório demais para o meu gosto.



2.2) As pessoas inteligentes não querem dominar o mundo.
Finalmente, talvez as pessoas inteligentes não estejam tão interessadas ou motivadas em dominar o mundo. Afinal, teoricamente estas pessoas são perfeitamente aptas a se darem muito bem no mundo atual, de maneira que não vale a pena tentar dominar o mundo. Isto é coerente com a idéia de que pessoas racionais fazem aquilo que é vantajoso para si, o que geralmente não envolve se importar tanto assim com os outros. Além do que dominar o mundo dá muito trabalho, é muito perigoso, e provavelmente exige o resto da sua vida, se você conseguir.
Tampouco parece ser psicologicamente vantajoso:
A não ser que se tenha um tremendo distúrbio de obsessão narcísica ou ética, acho que pessoas inteligentes conseguem recompensas suficientes em atividades bem mais factíveis, em particular, a maioria dos intelectuais se contentam em ficar discutindo idéias, lendo e escrevendo e não tem pretensões megalomaníacas.



Conclusão:
1.2) Pessoas inteligentes que chegam no poder não costumam se preocupar muito com questões éticas amplas.
2.1) Pessoas inteligentes frequentemente tem características de personalidade que impedem que cheguem ao poder.
2.2) E as pessoas inteligentes que poderiam chegar ao poder provavelmente não estão muito interessadas.
E 2.1 de novo) Se por acaso houver pessoas interessadas, elas são em quantidades insuficientes para dar conta do recado, porque o problema é bem difícil...
Enfim, é a vida.

Mas resta a questão, por que a permanência de pessoas inteligentes no poder não é estável? Por que uma vez que um governo de pessoas inteligentes se estabelece, ele não se mantém? Essas pessoas não costumam ter uma visão estratégica em relação a isto? Ou é tão difícil assim conseguir sucessores aptos?

O problema da psicanálise

por Leo

(também publicado em inglês no blog Brainstormers)

A psicanálise sempre me intrigou muito, desde que tive contato com ela pela primeira vez no ensino médio até hoje quando tenho alguma condição de contextualizá-la e compará-la em meio às outras ciências da mente. Não há dúvidas que ela seja um assunto controverso, tanto nos seus aspectos téoricos, quanto metodológicos, quanto práticos; as pessoas parecem ter uma reação um tanto cética e sarcástica à idéia de que possamos ter desejos incestuosos (inconscientes) por nossos pais, de que um bom modelo de psicoterapia consista basicamente em dizer "fale mais sobre isto", ou ainda que alguém esteja precisando enfrentar seus sentimentos reprimidos.

Devo dizer no entanto que acho que a psicanálise deve ser levada a sério. O motivo principal é porque acredito na realidade do seu objeto de estudo; acho que temos fortes evidências de que o inconsciente, o significado dos sonhos, a repressão, a hipnose, os mecanismos de defesa, os transtornos de personalidade, os sintomas neuróticos são fenômenos reais, e que não são tão satisfatoriamente explicados por outras teorias. A psicanálise me parece ser a única teoria (juntamente a suas variantes) que pretende explicar de maneira ampla como elaboramos nossas representações simbólicas e emocionais diante dos problemas que a vida nos impõe, como isto forma nossa personalidade e afeta nosso comportamento, e das suas implicações sobre a natureza do nosso aparelho psíquico, da nossa identidade e da sociedade e cultura em geral.

No entanto é preciso se ter um cuidado muito grande ao se ler Freud e seus seguidores, não porque não foram investigadores criteriosos (acho que Freud tinha um nível de rigor bem alto), mas porque viveram numa época em que nosso conhecimento sobre o cérebro e a evolução humana ainda eram muito, muito primários, de modo que ainda não havia como saber claramente que tipo de estruturas, mecanismos e funções (fisiológicas e adaptativas) o cérebro humano implementava, e só era possível se especular. Mas mesmo tendo toda a fé no projeto das neurociências e na psicologia evolucionista, acho que a psicanálise mantém seu nicho explicativo, o de descrever, explicar e analisar como se formam as representações simbólicas, como é sua dinâmica, e como são relacionadas aos conteúdos da consciência. Também tenho sérias dúvidas se fenômenos como estes poderiam ser estudados com tal profundidade de alguma maneira que não a análise do discurso individual.

Infelizmente a psicanálise parece ter parado um pouco no tempo. Freud e seus seguidores não foram tão bem sucedidos em criar uma ciência quanto em criar uma seita profissional, assim como diversas outras escolas da psicologia, e que, ao invés de terem se concentrado em verificar, testar, fundamentar e confirmar as teses originalmente propostas, incorporar descobertas de outras ciências, abandonar teses não verificadas, se contentaram em ler seus fundadores e segui-los ortodoxamente. De forma que ao invés de progredir, se tornar um corpo teórico robusto, aberto e integrado ao resto do conhecimento humano, foi se degenerando, se fechando, obscurecendo e obsolecendo.

Tenho a impressão de que algo se deu muito errado. Os psicanalistas não me parecem ter o espírito investigador de Freud, sondando, apalpando, experimentando, e descrevendo a forma das estruturas subjetivas; parecem-me muito mais na posição de observadores, que se confortam em procurar confirmações das suas crenças; a psicanálise parece ter se tornado um jogo místico como a astrologia ou jogo de búzios e os psicanalistas entusiasmados com sua erudição hermética e distintiva parecem delirar em brincar com metáforas e conceitos de realidade duvidosa enquanto esquecem que teoricamente estão falando de um objeto muito concreto: o aparelho psíquico humano, como funciona de fato a psique em cada indivíduo da nossa espécie.

Eu fico triste de ver o desprezo que a comunidade neurocientífica tem pela psicanálise, que cada vez mais é tomada como pseudociência. Acho que se tem muito a perder aí, a psicanálise enormemente por ignorar um paradigma que a deveria fundamentar, e as neurociências por ignorarem a estrutura simbólica fina que a relaciona com as representações da consciência, dos sentimentos e da linguagem. A responsabilidade desta situação a meu ver é de ambos, mas primariamente dos psicanalistas que não se propõem a testar suas hipóteses, formulá-las claramente e estruturar suas teorias formalmente. Uma das grandes dificuldades da psicanálise na minha opinião é sua imprecisão linguística, e já que aparentemente não é derivada de inabilidade dos seus autores, interpreto que possa ser algum tipo de mecanismo de defesa que protege uma auto-estima insegura com um obscurantismo pedante por ter medo de que afirmações mais claras e assertivas possam expô-los à refutabilidade das ciências comuns. É claro que uma afirmação precisa verdadeira, por outro lado, é muito útil e valiosa.

Assim sendo, à defesa da minha tese de que a psicanálise é valiosa enquanto ciência do domínio simbólico psíquico, vou propor algumas afirmações que julgo serem significativas, razoavelmente refutáveis, e que até onde sei estão em bom acordo com a teoria psicanalítica convencional. Em especial, acho que muitas delas são suscetíveis a testes de neuroimagem, experimentos comportamentais e testes práticos simples, é claro, acompanhados de uma análise estatística:

- A vida mental consciente é regulada de um sistema que restringe ou bloqueia o acesso a determinadas representações de forte conotações emocionais ou morais negativas.
- Representações "expulsas" da consciência tem um acesso voluntário mais difícil (resistência) até que consiga ser conscientizado. Obs: Há casos documentados semelhantes em pacientes com anosognosia.
- Conflitos e bloqueios simbólicos podem ter consequências sobre a mobilidade motora voluntária (histeria).
- Representações episódicas são frequentemente associadas a valores emocionais (gostar, desgostar, aversão, nojo, expectativas, frustração, humilhação, enaltecimento, etc) que influenciam na sua acessibilidade consciente.
- Representações associadas a valores emocionais semelhantes frequentemente se associam, a evocação de uma trazendo espontaneamente ou facilitando o acesso a outra. A associação livre muitas vezes revela este tipo de associação.
- Representações inacessíveis (recalcadas) muitas vezes se associam a outras transmitindo seu valor emocional a elas sem que elas pareçam ter um valor aparente. A lembrança da representação inacessível desfaz a associação.
- Intensidade emocional durante a lembrança é relevante para o alívio do sintoma (catarse).
- O conteúdo dos sonhos muitas vezes expressa desejos inconscientes transfigurados na forma de metáforas e metonímias.
- Episódios traumáticos recentes costumam provocar inicialmente sonhos pouco transfigurados. Isto deve aumentar a medida que o indivíduo re-significa sua experiência integrando a memória do episódio melhor com a do resto da sua vida.
- O padrão de relação com a mãe, especialmente na infância, forma um modelo fortemente determinante sobre os relacionamentos íntimos posteriores do indivíduo, que muitas vezes repetem padrões semelhantes (Complexo de Édipo). John Bowlby desenvolveu esta idéia na sua teoria do apego. Talvez estudos de neuroimagem fossem interessantes.
- A repressão moral feita pelos pais serve de base para a repressão moral própria sobre os conteúdos da consciência (superego).
- Existe uma energia sexual (libido) que pode ser liberada de diversas formas, das quais o ato sexual costuma ser uma das mais eficientes, mas que também poderia ser liberada por outras atividades prazerosas.
- Deve haver comportamentos típicos esperados em cada fase do desenvolvimento psicossexual segundo as questões simbólicas envolvidas (Freud),
- Mecanismos de defesa (Anna Freud) e seus deflagradores, seus determinantes ontogenéticos (repressão, negação, racionalização, projeção, idealização, fantasia, dissociação, etc...).
- Previsão dos sintomas neuróticos baseada em características de personalidade do paciente.
- Prognóstico dos sintomas baseado no tipo de temas abordados em terapia e de personalidade.